quarta-feira, 21 de abril de 2010

Em essência

Fiz um longo post no final de 2009, provavelmente seria o primeiro deste ano. Mas se perdeu com a formatação do computador. Fiquei um pouco triste, mas logo passou, porque tinha algumas citações tristes, que não mereceriam estar registradas em meu blog.
2010 é o ano. Neste momento não estou feliz, mas desde o início do ano, estive feliz todos os dias. Mal acreditava nas coisas que estavam acontecendo: coordenação de um curso, uma carga horária ótima, passar em um concurso público, a viagem fantástica para Ouro Preto, ter me encontrado com minhas amigas, minha família, os shows que fomos, tirar a habilitação, depois de 10 anos, encontrar outros amigos e todos os dias ao lado do Rogério (longo a pausa).
Normalmente é assim. Não escrevo no tempo que quero, ou que tenha vontade. Tenho mais vontade e temas para escrever do que tempo e disciplina para organizar os textos. Além do que, tudo que é público, precisa ser melhor trabalhado antes de exposto.
Quando voltei para terminar este post, não lembrava mais porque tinha começado a escrever. Então, pensei no meu dia e os pensamentos que me acompanharam ao longo dele. Em particular, dois do Rubem Alves, um quando ele fala que é a tristeza é bela e um outro sobre uma reflexão a respeito do silêncio e da solidão.
Depois de muito tempo, vendo-me sempre na companhia de alguém ou algo, mesmo quando sozinha em casa, estive nos últimos tempo sempre pensando em coisas palpáveis, lendo com objetividade, afinal precisa fazer o tempo render e, sentindo muito pouco de tudo que li. Em alguns momentos da vida, é claro que a produção é fundamental. Mas eu, em essência, não sou pessoa da quantidade, mas da qualidade. Não gosto de ler muito, gosto de ler devagar, sentindo, saboreando as palavras, pensando no autor, brincando comigo mesma de descobrir quais as motivações que o fizeram escrever “x” texto e, ainda por que daquele jeito, por que naquele momento. Quando leio puramente pela necessidade, não gosto. Resolve o meu problema do momento, mas a leitura não tem significado para mim.
Falando em significado, em gostos, em essência. Voltei a me descobrir como um ser em essência solitário. Gosto da solidão. Muitas pessoas, acreditam que quando temos um companheiro, deixamos de ser dois para atuar na vida como um único ser. Percebi, que nunca concordei e também que é uma verdade que não se aplica a mim. Quando estou triste, chateada, zangada e até furiosa, preciso ficar sozinha. Pensar e me reestruturar sozinha. Poucas vezes, na vida, pude demonstrar e/ou compartilhar esses sentimentos negativos. Infelizmente, não tive muito apoio, na verdade mais julgamentos e até inversão de fatos, o que me reforça ainda mais, que nem todos, por mais companheiros e amigos, são capazes de entender sem julgar, ainda que não concordem, apenas acolher os dias difíceis que todos passamos.

domingo, 13 de setembro de 2009

A profissão

Em postagem anterior, comentei que gosto de ouvir pessoas desde quando era criança. Acreditei durante bastante tempo, que este gosto, associado a minha profissão eram os motivos, pelos quais, as pessoas costumam falar coisas particulares, mesmo quando ainda não tínhamos muita intimidade.
Mas, esta semana mudei de opinião. A profissão não forma caráter, nem ética, nem humaniza. Nem mesmo a religião é capaz disso. É claro que as más experiências da vida, podem contribuir de forma significativa para tantas pessoas “preferirem” viver em meio a tanta amargura.
Sei que tem dias que são mais nublados. Ainda assim, as nuvens escuras, carregadas, tem o seu charme. Enquanto alguns sempre estão a procura de algo de bom, de gostoso, de felicidade. Outros, estão sempre à procura do que se lamentar. Utiliza-se de cargos e poderes imaginados para se colocar em uma posição de superioridade.

Os ipês estão floridos



Peguei emprestado do Rubem este título porque nenhum outro representaria melhor este post. Semana passada ao voltar para casa já bastante tarde, em noite relativamente fria, durante a caminhada, que adoro, em uma mesma rua estavam 5 ipês amarelos. Um mais lindo que o outro.
O ipê sempre foi minha árvore preferida. Acho-os lindos, simpáticos, coloridos, estão sempre felizes. Um lugar que tem um ipê, naturalmente tem que ser diferente. Porque ele enseja algo de bom, de esperança, de único.
O ipê amarelo aciona em mim a “chave” da felicidade. Descobri, depois que li o Rubem, dizendo que os ipês são especiais, porque eles funcionam ao contrário, enquanto, todas as árvores, plantas, flores, florescem em setembro (na primavera). O ipê colori no inverno, quando tudo está cinza. Quando há folhas secas pelo chão. Por isso, ele é sinal de esperança.

sábado, 8 de agosto de 2009

Torcida

Em 02 de dezembro de 2007 muita gente chorou de sofrimento, muita gente chorou de alegria ao ver o Corinthians cair para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. É impressionante como este time mobiliza emoções estremas nas pessoas. Já conheci até pessoas que não gostam, não acompanham, não torcem para time nenhum, mas não gostam do Corinthians.
Naquela ocasião, ouvi muito jornalista (anti-corinthiano, claro), falando que achava um absurdo o alarde que estava sendo feito, afinal outros grandes caíram e não houve aquele drama todo. Ouvindo esses comentários, gastei um tempo pensando nisso e acho que eles estavam errados, porque não conseguiram fazer uma leitura sociológica da questão.
É verdade que outros grandes clubes caíram, mas qual é o perfil de suas torcidas? Os adversários enchem a boca para chamar a torcida do Corinthians de favelada, pobretona, baderneira e outros elogios. Não poupam piadas fazendo comparações com índices de analfabetismo, criminalidade, etc.
Em parte eu concordo, porque o Corinthians é o time do povo, é popular, é o time de todos e todos. Agora imagine, num país com os índices de injustiça social como este, com pouca ética e muita corrupção, com desemprego, violência, em que muitas vezes, o povo não encontra referenciais de identidades positivas, o único ponto de esperança é o Timão. Porque o timão, representa garra, superação, a virada no último minuto do jogo. A marca do Corinthians nunca foi o futebol bonito, foi o futebol da garra, da fé, da perseverança.
Tornei-me corinthiana em 1990 por opção. Assisti uma reportagem, vi a torcida, uma entrevista do técnico Nelsinho e do Neto e meu coração disparou. Foi amor a primeira vista. Imediatamente disse, este é o time do meu coração.
Quando o Corinthians caiu, fui uma das pessoas que sentiu uma imensa dor no coração, faltou o ar. Claro que pelo time, mas principalmente pela torcida. Pensei e agora? Será que as pessoas perderão a esperança? Será que o povo vai entregar os pontos e deixar de sonhar, de acreditar? A pessoa podia não ser bem resolvida quanto a muitas questões de sua vida. Mas tinha orgulho, enchia o peito para dizer sou corinthiana(o), mas e agora?
Então, assim como o time, a torcida deu um baile em todos os pessimistas e ficou ainda mais forte e impulsionou o time para a grande virada da sua história.
O time muda de cor, muda de técnico, de jogadores, de comissão, de diretoria e até de endereço, mas essa torcida é fiel. Sou apaixonada por esta torcida.

Museu do Futebol



Era um domingo frio, na verdade gelado, mas fazia sol. O céu estava de um azul lindo, fazia gosto sair para passear. Fomos ao Museu do Futebol no Pacaembu. Foi um passeio incrível, o museu é fantástico, moderno, emocionante, cheio de informações e diferentemente do que muita gente pensa, não é um museu de clubes de futebol. Principalmente, se tivermos a compreensão das muitas facetas deste esporte, que inclui aspectos financeiros, sociais, culturais, antropológicos.
Já visitei o Museu do Maracanã e o Memorial do Corinthians, adorei ambos, riquíssimos em informações, entretenimentos, uso de tecnologia, que agrada até aquelas pessoas que não são muito chegadas ao futebol. Mas o do Pacaembu, definitivamente, é o mais emocionante dos três. Em especial para mim, uma parte que fica embaixo da arquibancada do estádio, em que através de um jogo de imagens são postas várias torcidas do Brasil. Cantando seus hinos, rezando, chorando, sofrendo, fazendo coreografias, vibrando com os gols. Não há como não se emocionar, dá a impressão que estamos no coração da torcida, é realmente fantástico.

Filmes


Estou estudando o livro Cidadão de Papel (Dimenstein). Depois de algum tempo volto a encontrá-lo. É claro que ele trata de assuntos que já conhecemos, estão no nosso cotidiano, mas quando paramos para pensar sobre eles, saímos da posição de acomodação, de que se acostuma a conviver com a injustiça e achar que faz parte da vida.
Dei uma parada na leitura para ver o filme “Última parada 174”, fazia tempo que queria assistir e acho que aconteceu no momento certo, ainda que ao final senti uma enorme tristeza. Pensando na quantidade de Sandros que diariamente morrem (em todos os sentidos) pelo nosso país.

Colocando a leitura em dia


Adoro ler, mas gosto de ler pelo puro prazer da leitura, podendo saborear a textura de cada palavra. Diferentemente de ouvir músicas ou assistir algo, a leitura tem o tempo do nosso sentir, do nosso imaginar. Pode-se, por exemplo, gastar muito tempo em uma única página, porque ela remete a lembranças, projetos, sonhos, à imaginação e esta não tem limite de tempo, de lugar, de espaço.
No dia a dia preciso fazer as leituras obrigatórias, leituras para o conhecimento profissional, científico, acadêmico. Também são leituras importantes,mas muitas vezes, menos prazerosas. Mas, nestas férias foi bastante diferente. É claro que reservei um tempo para as leituras obrigatórias. No entanto, li quatro livros ao bel prazer. Que delícia parar pelas páginas e deixar a emoção brotar. Quando o canto diz que “não só de pão o homem viverá, mas da palavra”, tenho certeza, que existem leituras que são para a alma, passe o tempo que for, os desafios, desafetos, desamores... elas permanecem e nos dão força, ensinamentos, empoderamento, abre as janelas da nossa alma. Pela leitura vamos a qualquer lugar.
Escrevo muito sobre o passado, sinto-o interagindo a todo momento com o meu presente. Quando criança ganhei do meu pai um saco cheio de livros, deram para ele, que não sabia o que fazer levou para casa e eu me apropriei dele. A maioria dos livros eram de escola, mas havias vários livros de contos. Eu adorei e amei cada um deles.