Depois de alguns anos, voltei a passarela do samba. Para algumas pessoas, foi difícil entender como eu que não gosto de samba, que não vejo o desfile pela tevê, quis tanto ir para a avenida.
Essa foi a terceira vez que desfilei, as duas primeiras vezes foi na ala das crianças com as crianças do Cedeca. Naquela ocasião foi mais especial, porque fazíamos a inscrição das crianças, preparávamos o lanche para levar no dia, ensaiávamos praticamente o mês inteiro, sabíamos o enredo e percebi por aquela experiência que se para alguns o carnal é a chance “de ver mulher ‘pelada’ de perto, porque só se vê na tevê”, para outros, é quase que como uma religião, implica fé, trabalho e muita emoção.
Fico triste em vê como as pessoas distorcem tudo apenas para a conotação sexual. Ela também existe, mas sem dúvida para aqueles que trabalham o ano inteiro pensando em cada detalhe do desfile, que tem amor a escola é o item menos importante.
Acho que o carnaval enquanto manifestação da cultura popular é um evento lindo e merecedor da nossa apreciação. Seja ele como desfile das grandes escolas, nos blocos ou nas marchinhas mais tradicionais. O que é ruim é mídia que minimizá-o tanto. Tantos tempos sérios são abordados de maneira lúdica. Imagina se a escolas (tradicionais) pedissem as crianças que pesquisam sobre o enredo das escolas de samba. Veja que riqueza: descobertas sobre a evolução tecnológica, a evolução da roda, ídolos nacionais, festas populares, guerras, crítica a política...