sábado, 8 de agosto de 2009

O doce de tomate da Dona Nelita


Muitas pessoas, quando estão sem fazer nada, olham para a frente, para o futuro, imaginam-se bem sucedidos na profissão almejada, ou com o grande amor de suas vidas, ou ainda, numa incrível viagem... Eu, ao contrário, também faço meus planos, mas na maioria das vezes, fico lembrando das coisas que vivi no passado, em particular na minha infância. É verdade, que a separação dos meus pais, foi evento que me marcou muito e até hoje tenho alguns desses resquícios. Não saberei afirmar com o vigor da ciência quando começamos a registrar de forma consciente as lembranças dos acontecimentos. Alguns teóricos afirma algo em torno dos 3 anos, outros um pouco mais ou um pouco menos. Mas, não importa, pelo menos para este texto não é uma informação importante. Porque mais do que lembrar de forma cronológica, precisa os eventos. Trata-se de ressaltar que na memória emocional, temos registrado tudo desde que ainda estávamos na barriga da nossa mãe. Por isso, vejo a infância como essa fase tão peculiar, tão doce do desenvolvimento. Não informa se o presente foi o celular, a bicicleta, o vídeo game. O que fica para a criança são as emoções, de terem sido queridas, amadas, desejadas, respeitadas. Isso sim, será um grande diferencial em suas vidas.
Nós temos o Kauan, ele tem apenas 2,7 anos. É uma criança linda, saudável, doce, sereno. Ele adora o Rogério. O Rogério não sabe disso, mas eu sei, porque observo sentimentos, sou fascinada pelos relacionamentos das pessoas. Sei que mais tarde mesmo que o Kauan não registre eventos físicos e cronológicos, já está estabelecido o grau de relacionamento, o vínculo afetivo do pequenino Kauan para o super padrinho engraçado, tão menino quanto o afilhado. E é falando dessas memórias ou sentimentos que são criados em um tempo que não existe que quero falar do doce que é minha vozinha Nelita.
Neste mês estivemos todos muito preocupados porque ela ficou tempo demais em um lugar para pessoas com saúde frágil. É engraçado falar em saúde frágil de alguém que com quase 80 anos, passou por três AVC, 02 enfartes, cirurgia cardíaca, pressão alta, hipertireoidismo, diabetes. Pois é, minha avó, já perdeu a memória, ficou sem falar, já nos deu muitos sustos, mas resiste firmemente como uma mulher de luta.
Quando eu era pequena vivi muito com a minha avó. Ela era uma cozinheira fantástica: doce de abóbora, doce de melancia, doce de leite, doce de tomate. Hum! O famoso doce de tomate, não conheço mais ninguém que saiba fazer, nem mesmo minhas tias. Dona Nelita era mesmo incrível, sempre fez coisas que somente ela saberia criar, inventar, inovar. Poderia dizer muitas coisas a respeito dela. Mas, na verdade sou feliz por ter tido uma avó tão fantástica. Sou feliz por ter tido a sorte de viver o sentimento de neta.

Um comentário:

RSM disse...

Posso ñ demonstrar,mas sou eternamente grato a Deus pelo amor q recebo de ti e do Kauanzinho, e eu lamento profundamente ñ ter tido contato agum com 3 dos meus 4 avós, adoraria bricr com eles e falar muitas besteiras, rir juntos... fazer coisas de netos e avós.