sábado, 8 de agosto de 2009

Velha Infância

Morto ou vivo, duro ou mole, pega-pega, esconde-esconde, ciranda, taco, pular corda, brincar de casinha, etc. Balão Mágico, Bozzo, Chispita, A gata e o rato, A super Vick, A poderosa Isis, As panteras, A Mulher Biônica, Os três patetas, o Gordo e Magro, Zorro, Jeannie é um Gênio, A Feiticeira, Jaspion, Primo Cruzado, O super-herói americano, Chaves, Chopolin, etc. Bolo de chuva, bolo de caco, bolo de barro. Menudos, Madona, New Kids, Michael Jackson...
Que delícia lembrar da infância, da inocência da infância. Quando eu era pequena cansei de enterrar moeda, achando que nasceria uma árvore de dinheiro. Fazer bonecos de barro, colecionada os isqueiros do meu pai. Cada um na minha imaginação tinha uma história, um nome, uma importância. Brincava mais com os brinquedos simbólicos, que com os que tinham a função definida. Mas, é claro que teve brinquedos marcantes na minha vida, como a boneca Emília, meu cavalo de pau, a zebra (que foi jogada fora pela mãe, porque tinha um furinho de nada, mas que deixava a casa cheia de bolinhas de isopor) e minha boneca Minha boneca Bem-me-quer. Ganhei a Bem-me-quer como presente de aniversário da dona Neném. Ela era linda, para mim enorme, tinha um vestido rosado e dois grandes laços no cabelo. Infelizmente, não teve um fim bonito, para mim, traumático. Convivi com esta lembrança até ano passado quando o Rogério resgatou uma Bem-me-quer, que pomposamente ostenta um lugar de destaque no cantinho das pelúcias em nossa casa.
Outros eventos marcantes para mim, o calça vermelha que ganhei da dona Regina no meu aniversário de 5 anos. Ela era nossa vizinha, era bem velhinha, mais sabia cozinhar e fazia uns bolos deliciosos. Era comum, nos finais de tarde eu ir visitar. Nossa acabei de ter um insight (ao longo da minha vida, sempre tive amigos bem mais velhos do que eu, pessoas muitas vezes solitárias, como a dona Regina, que me contavam suas histórias. Talvez daí tenha desenvolvido em mim o gosto pelas histórias e minha identificação com a minha profissão). Mas, voltando a falar da dona Regina, ela morava com o marido e tinha o cachorro Rex. O marido, que não lembro o nome, saia todos os dias para trabalhar e voltava tarde da noite, enquanto ele não chegava eu ficava lá e ouvia muitas e muitas histórias. Quando a dona Regina fez a calça vermelha, ela tirou minhas medidas dizendo que faria uma roupa para uma menina do meu tamanho, que não podia ir na casa dela. Eu claro, que sempre tive pensamento concreto, acreditei, no dia do meu aniversário, ela não foi à minha festa, mas deu-me o presente, que usei até quando fiquei grande demais. Ganhei muitos presentes: brinquedos, roupas, dinheiro, mas certamente a calça vermelha foi um dos que mais gostei.Quero relembrar também dos meus tios Naldo e Duda. Quando o eu tinha 05 anos, acho que o tio Naldo tinha em torno de 14 anos, ele estava no seu primeiro emprego e sempre na hora do almoço ia na minha casa, falava um oi e voltava para o trabalho. Lembro-me de um dia que ele foi até lá e me levou um danone.... O tio Naldo até hoje é assim, super apegado aos sobrinhos, e olha que hoje já somos mais que 40. O tio Duda era o tio que toda criança queria ter, mais que dar presentes, ele brincava e conversava, dava importância, valor às angústias infantis. Tenho as lembranças dele me levando de cavalinho, de “cacundinha”, foi ele que fez um balanço num galho forte de uma árvore com um pneu. Ele trabalhava, sempre trabalhou e ainda assim arranjava tempo para as crianças.

Um comentário:

RSM disse...

Meu, preciso fazer logo aquela atividade da facul sobre a minha infância, seu texto foi fantástico!
Quando a gente é criança a gente tem cada lembrança, né? Como diria uns versos de Thaide & DJ Hum: "...que tempo bom, q ñ volta nunca mais..."